ESOTÉRICO

(1976, gravada por Doces Bárbaros, em 1976, depois solo por Gil em Um Banda Um, 1982.)

Escolhida por Gabriel Gil

Não adianta nem me abandonar

Porque mistério sempre há de pintar por aí

Pessoas até muito mais vão lhe amar

Até muito mais difíceis que eu pra você

Que eu, que dois, que dez, que dez milhões

Todos iguais

Até que nem tanto esotérico assim

Se eu sou algo incompreensível

Meu Deus é mais

Mistério sempre há de pintar por aí

Não adianta nem me abandonar

Nem ficar tão apaixonada, que nada!

Que não sabe nadar

Que morre afogada por mim

Comentário de Gil: "Uma tentativa de transpor a ideia do mistério divino, místico-religioso, para o campo do amor terreno; de desmistificar e humanizar a categorização do esotérico como algo inatingível, colocando-o como inerente à nossa natureza, à complexidade do nosso afeto. O ímpeto da canção nasceu da vontade de falar do sentido esotérico das coisas através de algo que fosse demasiadamente humano como é a relação amorosa entre duas pessoas – não deixando, no fim, de remeter a questão para a divindade (qualquer mistério está aquém do mistério do Criador)."