BABÁ ALAPALÁ
(1976, gravada em Refavela, 1977.)
Escolhida por Ana Lomelino
G Dm7
Aganju, Xangô
G Dm7 G
Alapalá, Alapalá, Alapalá
Dm7 G Dm7
Xangô, Aganju
C Gm7
O filho perguntou pro pai
C Gm7
"Onde é que tá o meu avô
C Gm7 C Gm7
O meu avô, onde é que tá?"
C Gm7
O pai perguntou pro avô
C Gm7
"Onde é que tá meu bisavô
C Gm7 C C7
Meu bisavô, onde é que tá?"
F C7/E
Avô perguntou bisavô:
Dm C
"Onde é que tá tataravô
Dm F C Gm7
Tataravô, onde é que tá?"
C Gm7
Tataravô, bisavô, avô
C Gm7
Pai Xangô, Aganju
C G
Viva egum, babá Alapalá!
Dm7 G (3x) Dm7
G Dm7
Aganju, Xangô
G Dm7 G
Alapalá, Alapalá, Alapalá
Dm7 G Dm7
Xangô, Aganju
C Gm7 C Gm7
Alapalá, egum, espírito elevado ao céu
C Gm7 C Gm7
Machado alado, asas do anjo Aganju
C Gm7 C Gm7
Alapalá, egum, espírito elevado ao céu
C F
Machado astral, ancestral do metal
C F
Do ferro natural,
C
do corpo preservado
F C F
Embalsamado em bálsamo sagrado
C F G Dm7
Corpo eterno e nobre de um rei nagô
Xangô
Comentário de Gil: "Alapalá é um egum do terreiro de egum da ilha de Itaparica, exatamente o egum da família de Xangô – que foi o primeiro candomblé que eu visitei, levado pelo Mestre Di, em 72. Alapalá foi um dos eguns que saíram, dançaram ali, naquela noite, em que o Mestre Di jogou os búzios para mim e viu que eu era de Xangô, o que pesou no fato de eu, mais tarde, ter escolhido Alapalá para homenagear. Os versos aludem a Aganju, já na qualidade de orixá, que é um Xangô menino, e ao próprio Xangô Alapalá, que é o egum da família de Xangô, lá na ilha de Itaparica.
Na letra eu vou fazendo um comentário sobre a ancestralidade, considerada tanto do ponto de vista orixá quanto do ponto de vista do egum, que são duas coisas diferentes, sendo os orixás entidades míticas olimpo, os deuses, e os eguns, os desencarnados, os humanos. Eu aí faço uma associação meio livre e pouco rigorosa, não necessariamente correta, entre uma coisa e outra; enfim, trata-se de uma interpretação muito pessoal.
À época em que eu fui ao terreiro, eu estava começando a compreender e a me interessar pelo profundo envolvimento que o candomblé tem com a cultura negra da Bahia, com todo o universo das formas de expressão cultural da Bahia, a música, o carnaval, o modo de ser do povo e da cidade, Salvador. Eu começava a associar o candomblé a todo esse mundo expressivo baiano, algo que não fazia antes e que só passei a fazer quando ele entrou na minha vida, depois que eu voltei do exílio."